quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Próximo incêndio em boate.

Fim de enquete. Com 50% de votos para daqui a 1 ano e 50% de votos para foi ontem, num total de quatro votantes durante seis dias de intensa pesquisa, as opiniões se dividem sobre quando ocorrerá o próximo incêndio numa boate no Brasil. Meio a meio. Empate. Tudo igual no placar. Resultado, portanto, inconclusivo, como todos queremos que não seja o inquérito policial, administrativo e judicial sobre o caso. De todo o ultraje associado à tragédia anunciada, parece que a mídia revindica a maior parte. Inúmeros foram os herois que deixaram amigos, parentes e mulheres grávidas, cujos nomes ficarão eternamente gravados nas nossas mentes até o próximo BBB. Gente que conseguiu escapar do inferno, mas que voltou a entrar na boate na tentativa de resgatar alguém, sob os olhares complacentes dos profissionais presentes, tais como policiais e bombeiros, que, ao contrário de impedir tais atos insanos, parecem ter estimulado a turma a quebrar paredes e ajudar no salvamento. Eu não perdi ninguém no ocorrido. Nem amigos, nem familiares, absolutamente ninguém. Por isso, não sinto dor. Sinto raiva. Sinto desprezo pelos policiais que não policiaram, pelos fiscais que não fiscalizaram, pelos engenheiros e arquitetos que assinaram projetos mal elaborados e/ou mal executados, pelos empresários e artistas irresponsáveis. Quanto aos estudantes, mortos e vivos, sinto espanto. Como é que eles, que formam a nata da intelectualidade deste país, caíram numa arapuca dessas?  Não perceberam a superlotação? A falta de saídas de emergência? Os labirintos pelos quais tinham que passar para irem da entrada até próximo do palco? Não tinham conhecimento da prática do grupo artístico de soltar fogos de artifício em ambientes fechados, tão propagado pelas redes sociais?Estavam enebriados pelo torpor da alegria fugaz, do alívio instantâneo? Não pensaram naqueles que sempre os amaram? No amigo, na amiga, no parente logo ali, ao seu lado? No pai e na mãe que estavam esperando em casa? O caso da Kiss é igual ao do motorista que, tentando frear no sinal vermelho, passa uns poucos centímetros da faixa contínua sob o semáforo, dá uma ré rapidinho e atropela o sujeito que atravessava a rua fora da faixa de pedestres. Quem errou? Quando será o próximo incêndio? A qualquer hora, sempre que decidirmos que nunca é tempo de sermos cidadãos.

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