domingo, 7 de fevereiro de 2016

Perdeu, playboy!

Eu gosto de ler a coluna do Cristóvão Buarque aos domingos, num jornal de grande circulação do Rio de Janeiro, cujo nome começa com O e termina com Globo.

Cristóvão Buarque é um chato porque escreve sempre sobre a mesma coisa: educação. Nesse domingo (7 de fevereiro de 2016), ele estava especialmente pessimista porque nos lembrava que havíamos perdido em vários quesitos importantes para a construção de uma sociedade mais justa: educação (é claro), investimentos, saúde, integridade política, empregabilidade, igualdade social, dentre outros. Incrivelmente, ele termina o artigo afirmando que a única coisa que não perdemos é a esperança.

O Estado do Rio de Janeiro não paga seus funcionários públicos, tornando os serviços essenciais (especialmente Saúde e Educação) mais precários do que o normal. O mesmo vale para outros estados da federação, mas o Rio ganha algum destaque porque sua imagem está fortemente atrelada à imagem do país como um todo, especialmente em tempos de pós-copa e pré-olimpíadas.

Cristóvão Buarque está certo: a coisa parece que degringolou de vez. Parece uma escola de samba com o enredo do crioulo doido desembestando em descompasso na avenida. Vamos lá:

1)  Quesito Comissão de Frente: comissão é eufemismo para propina. A classe corporativa se alia à classe política e por comissões que variam de módicos 1% a 30% batem de frente com as licitações legais. Um empresário que precisa da falcatrua propinesca para colocar seu bloco na rua é um perdedor. Gerencia uma corporação como o dono de um botequim. Essa gente e seus cúmplices da classe política só merecem um figurino: xadrez!

2) Quesito Porta Bandeira e Mestre Sala: corrupção burra dá a maior bandeira e é porta de cadeia em tempos de Lava-Jato (ou Lava a Jato?). Mas corrupção sem punição exemplar é algo mais burro ainda porque promove a desesperança. Me desculpem os mais humanistas, mas ver o mestre sala José Dirceu magro e envelhecido depois de algum tempo de cadeia não é o suficiente para mim. Ou você gostou de ver o Fernando Collor de novo no Senado depois de perder seus direitos políticos por apenas 8 anos? Valeu a pena esperar?

3) Quesito bateria: se for bateria de exames pelo SUS, senta e espera. Deitar não pode, porque não tem maca. Nem dentro das ambulâncias. Depois de anos copiando o modelo norteamericano de saúde pública (risos), conseguimos o inimaginável: nem pagando horrores por planos de saúde se consegue atendimento de qualidade hoje. E, se a coisa for realmente séria, só resolve mesmo no SUS. E o SUS, bem... precisa lembrar? É zika, microcefalia, dengue hemorrágica, desumanidade no atendimento de idosos, gestantes, recém-nascidos, gente que ainda vai nascer... gente que nunca vai poder nascer.

4) Quesito evolução: não existe por aqui. Não evoluímos. O assistencialismo enganou o povão por dez anos, tirando milhões da fome extrema à qual vários milhões retornarão em breve sob uma economia com sérias restrições orçamentárias! Gente que foi estimulada a consumir, pela redução de IPI na compra de carros, tanquinhos e máquinas de lavar, agora cerra filas para pegar o auxílio desemprego não reajustado pela inflação galopante.

Há vários outros quesitos. Deveria haver, inclusive, o es-quesito. Um termo mais que apropriado para definir uma país com 8,5 milhões de quilômetros quadrados que guardam toneladas de riquezas, povoado por duas centenas de milhões de pessoas que, em compasso com a tendência mundial, se tornam cada vez mais egoístas, gananciosas, consumistas e estúpidas. Como (quase) diria o finado Renato Russo: festa (país) estranha com gente esquisita, eu não tô legal...

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Até a próxima.

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