quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Vortemu II: a revanche!

As águas de março fecharam o verão (de 2016) quando eu coloquei meu último atentado no ar. E o próximo verão já está chegando! Por isso (e por mais que isso), eu voltei (guenta coração).

Dia de finados em novembro, vejo finalizado um outubro de ocupações de escolas e universidades por estudantes, PECs e disputas infames por prefeituras em todo o Brasil.

Tudo muito longe. Distante. Ah, não! O prédio onde trabalho foi trancado por estudantes e não consigo trabalhar no meu local de trabalho (redundância proposital) há três dias. A geração da luta pela tolerância não tolera que não conversem com ela (e olha que eu converso, hein), sendo esse um direito de qualquer pessoa num estado democrático. Isso me fez refletir sobre alguns temas:

1) eu seria estuprado, por um grupo desses estudantes, se eu estivesse usando pouca roupa mas não pretendesse transar com ninguém?
2) eu seria humilhado, ou espancado, por um grupo desses estudantes, caso defendesse o ingresso na universidade por puro mérito em oposição às cotas?
3) eu seria considerado neoliberal, coxinha (não sei o que esse termo significa, desculpe), intolerante ou racista, por um grupo desses estudantes, caso expusesse, em assembleia perante eles, minhas considerações sobre a PEC,  a estabilidade no emprego e a isonomia salarial no funcionalismo público, dentre outros temas em permanente discussão, ainda que velada, no Brasil?

Trancar prédios para forçar diálogo é ruim. Digo isso porque não forço estudantes a assistirem minhas aulas, por exemplo. Tento inovar, a cada aula, para que eles se sintam bem dialogando comigo. Digo isso porque não forço meus filhos a conversarem comigo, por exemplo. Tento dar o bom exemplo, em casa e fora dela.

Não acerto sempre.

Mas vou por aí, tentando. E atentando. Por que não há riqueza, em lugar nenhum do mundo, que supere a juventude de uma nação. E eu acredito que a nossa juventude pode pensar em algo mais inteligente do que trancar prédios para tentar dialogar com quem quer que seja que eles queiram dialogar.

PS: muito cuidado com professores com discursos inflamados. É fácil desfocar temas e inflamar ânimos com palavras de ordem e gestos teatrais, geralmente desconectados com ações cotidianas coerentes com o discurso. Eu saberia fazer isso melhor que ninguém. E fiz quando participava do movimento estudantil (quando era estudante, e não sendo professor). Mas não faço isso. Prefiro o diálogo calmo e tolerante, onde eu sempre tenha a oportunidade de afirmar: eu estava errado, desculpe! Mas um desculpe sincero. 

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