quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Não sigam essa receita!

Por favor, não sigam essa receita: façam suas próprias receitas.

A auto-ajuda não ajuda ninguém. Atrapalha, porque simplifica o complexo da vida.

Eu gostaria de um mundo com mais MPB e rock do que raves e funks. Mais artes plásticas do que pokemons. Mais livros do que blogs (meu momento aparentemente incoerente: cuidado!). 

Essas são questões estéticas, muito embora também éticas. Poderíamos conversar horas, dias, anos ... uma vida inteira sobre tudo isso. Por que não fazemos, então?

Que tal:

1) você juntar duas ou mais pessoas e iniciar um clube de leitura? Mas nada técnico, por favor. Romances, crônicas, contos e poemas. Hemingways, Hesses, Rosas, Andrades, Quintanas, Gullares e assemelhados. Isso sim. Onde se discuta sobre os desafios da vida complexa. Não sobre a simplicidade da auto-ajuda. Matemática e Física são fáceis. Difícil é moral, ética e filosofia. Que tal?

2) você juntar duas ou mais pessoas, pagar um UBER, e ir a um museu pelo menos uma vez por mês (para começar, ao menos)? Fazer como vemos nos filmes: pessoas paradas diante de telas e esculturas desafiadoras e enigmáticas. Picassos são ótimos para isso. Um exercício que estimula neurônios e sentimentos. Que tal??

3) você juntar duas ou mais pessoas para ler a PEC 241 (agora 55)? Para assistirem ao Jornal Nacional uma noite e discutirem o que há e o que não há de notícia ali? Para lerem o jornal (qualquer um) de domingo enquanto tomam o café da manhã? Só de domingo! Em qualquer lugar (no Restaurante Universitário, no quarto do alojamento, no quarto ou sala da casa, na rua). Que tal?

4) Para discutirem a dissonância cognitiva e o shifiting baselines de um mundo cruel, cheio de migrações, genocídio, infanticídio e perversões? Putz!!

Fácil, não? De jeito nenhum.

Fácil é engolir o óbvio ululante, desacompanhado da reflexão. Fácil é passar horas na internet. Fácil é o facebook. Fácil é criticar a mensagem vazia do telejornal da direita reacionária e aceitar a mensagem vazia, não reflexiva, da esquerda cambaleante. Difícil é construir um mundo novo. Desafio para gerações: seria possível construir um mundo sem direita e esquerda? Onde mora o meu sonho: na utopia ou na distopia?

Ainda bem que eu vou morrer logo!

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