quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Midiático tolo!

Assombro duplo: Gilmar Mendes na TV e, antes dele, Dalton Dallagnol.

A melhor apresentação que assisti, no último congresso em que estive, foi a de um colega que, trazendo um tema de menor expressão (mas não menos importante!), terminou com um slide onde esse tema ficava na parte central e vários temas periféricos apontavam para ele, numa inteligente alusão à apresentação do Dalton Dallagnol que apresentou Lula como um capo di tutti capi. A plateia adorou! E ninguém gritou Fora Temer, numa bem-vinda demonstração de civilidade. Puro respeito ao local e contexto. Bem diferente das vaias que ouvimos da torcida brasileira durante as Olimpíadas. Civilidade é, dentre outras coisas, se comportar adequada e coerentemente em diferentes situações. Há lugar para tudo.

Dalton inovou juridicamente ao enfatizar a evidência em detrimento dos fatos, pretendendo encerrar um debate de culpabilidade. Não alcançou o que pretendia, desfocou a atenção pública e alimentou a hipótese de uma perseguição política que a defesa de Lula conseguiu levar para uma corte internacional. Jogou contra a abordagem eminentemente técnica da Lava-Jato (em que pretendo crer, até prova em contrário). Os esquemas que aparecem na Lava-Jato extrapolam a possibilidade de haver um capo di tutti capi. Os esquemas são projetos de Estado (neste caso, um Estado da Corrupção) e abrangem governos atuais e passados, incluindo partidos de presença constante no cenário político brasileiro dos últimos 30 anos, como o PMDB.

Ver Gilmar Mendes na TV, há dias atrás, me lembrou programas humorísticos de décadas atrás. Personagens como o Vampiro Brasileiro, de Chico Anísio, ou a Múmia Paralítica, do Agildo Ribeiro. Teria sido cômico não tivesse sido trágico. Isso para não comentar o discurso, tremendamente tendencioso, vindo do ocupante do posto máximo do STE.

Tempos duros, esses.

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