terça-feira, 19 de março de 2013

Tio Tungstênio.

Li, recentemente, o livro Tio Tungstênio, de Oliver Sacks. O Dr. Sacks é um neurologista octogenário muito interessado em estados alterados (www.oliversacks.com). Ele escreveu livros de sucesso sobre o tema, como, por exemplo, O homem que confundiu sua mulher com um chapéu e o recentemente lançado Hallucinations. Seu livro Awakenings virou filme em Hollywood com os astros Robert de Niro e Robin Williams (que interpretava o próprio Dr. Sacks). Oliver nasceu em 1933, na Inglaterra, e viveu uma infância terrível, exilado para o campo, durante a Segunda Guerra Mundial, como muitas crianças londrinas à época. Depois, retornou para casa onde passou a conviver novamente com seus pais, ambos médicos, seus tios e tias, todos judeus e muito educados. Oliver tinha dois tios químicos, um tio físico, uma tia paleontóloga e vários parentes espalhados pelo mundo, alguns deles pioneiros na prospecção de diamantes em Kimberley, na África do Sul, no final do século XIX. Um de seus tios tinha uma fábrica de lâmpadas de tungstênio e era completamente apaixonado por Química. Foi esse tio David (que Oliver chamava Tio Tungstênio) que incutiu em Oliver uma profunda admiração por essa ciência. Bem, boa parte do livro é sobre isso: a infância de um menino muito tímido e retraído e suas experiências de Química e Física. O pequeno Oliver montou um laboratório de Química em casa, com o consentimento dos pais e incentivo dos tios. Aos 15 anos de idade já tinha mais prática em Química que muitos jovens professores universitários atualmente. Comprava, na década de 1940-50, tudo o que precisava, desde vidraria a reagentes perigosos, em farmácias do bairro. Realizou experimentos com luz, explosão, radioatividade, fotografia, espectrografia, dentre outros fascínios da Fïsica e da Química. Era autodidata, muito embora contasse com a colaboração de seus tios mais próximos. Leu bastante nos clássicos eruditos escritos por grandes cientistas e também nos folhetins destinados a jovens curiosos como ele. Ainda aos 15 anos, sua mãe o levou ao hospital onde trabalhava e o ensinou algumas técnicas de dissecação de cadáveres, deixando o pobre menino aos cuidados de uma auxiliar e, juntos, por quase um mês, trabalharam na dissecação de pés e mãos. A história contada em Tio Tungstênio é uma viagem para um tempo que, infelizmente, não existe mais. Onde, quase irresponsavelmente, se permitia aos jovens viver a realidade, em oposição à imersão na virtualidade do mundo atual. Eu adorei o livro e sugiro a leitura a todos, amantes da Ciência ou não. Confira.

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