Fala sério!
A última postagem deste blog foi em outubro de 2013.
De lá prá cá, muita coisa mudou. O ano, por exemplo. Já é 2014. Mas, e daí? Ano de Copa, eleições... Hum, teve gente desejando um Feliz 2015 no último dia 31.
Espero que todos os meus 17 leitores tenham tido uma ótima passagem de ano. E que 2014 seja melhor ... Opa! Esquece esse negócio de melhor. Acabei de ler Não quero um mundo melhor, do fisólofo, médico e psicanalista (não necessariamente nesta ordem) Luiz Felipe Pondé. Sensacional. Eu já tinha lido História Politicamente Incorreta da Filosofia que ele escreveu há cerca de um ano atrás e fiquei fã do cara. Primeiro porque é difícil se encontrar alguém hoje em dia que afirma ser filósofo. É difícil imaginar um lugar para a Filosofia no mundo vazio em que vivemos. Filosofia pressupõe profundidade de análise, mas como encontrar eco para análises profundas num mundo tocado por facebooks, blogs e whatsups? Num mundo onde a literatura é dominada por diferentes tons de cinza, centenas de livros de auto-ajuda e acadêmicos imortais do calibre de um José Sarney ou de um Paulo Coelho? Muito espertamente, Pondé adota um estilo pragmático ao escrever os ensaios reunidos neste seu último livro. Quem sabe, na esperança de alcançar a atenção de uma juventude dominada por conteúdos volatizáveis. Mas ele não abandona seu estilo contundente, um verdadeiro chute no útero que obriga até mesmo aquele seu amigo com cérebro de samambaia refletir um pouco sobre a realidade.
Não quero um mundo melhor é um livro sobre o (des)-humano. Uma mescla da angústia de um Nietzsche e da culpa de um Kierkegaard. Ele nos faz pensar se queremos um mundo melhor porque, aparentemente por princípio, ele desacredita totalmente nesta possibilidade. Mas nos apresenta a dúvida sobre uma espiritualidade quase religiosa que nos faz pensar sobre o mundo melhor que nos tem sido oferecido. Que mundo melhor será esse que eu e meus filhos e netos teremos que enfrentar e que hoje já nos é preparado e enfiado goela abaixo como um amargo purgante?
Quanto a mim, já decidi. Se me for dada a chance de viver mais vinte ou vinte e cinco anos, irei me retirar a um monastério e passarei o pouco de vida que me restará rezando ... rezando ... mas que diabos! Rezando pelo quê? Por um mundo melhor?
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